A gestação de alto risco pode trazer algumas preocupações, mas com os cuidados adequados é possível oferecer uma gravidez mais tranquila e saudável. É fundamental estar bem informada sobre os fatores de risco, sintomas e cuidados especiais para garantir a saúde da mãe e do bebê e é sobre isso que vamos falar neste artigo!
Algumas condições médicas podem aumentar o risco de complicações e levar ao que conhecemos por gestação de alto risco, quando a mãe precisa de um olhar mais próximo e alguns cuidados a mais durante os nove meses de gravidez.
Alguns exemplos são: diabetes, hipertensão, problemas cardíacos, doenças autoimunes, obesidade, trombofilias e infecções. Além disso, a idade materna avançada, gravidez múltipla, história de abortos espontâneos ou partos prematuros, consumo de álcool, tabagismo e drogas ilícitas são considerados fatores de risco.
Fatores de risco
Entenda melhor sobre alguns dos fatores que podem levar à gestação de alto risco:
Idade materna avançada: mulheres com mais de 35 anos têm maior probabilidade de desenvolver complicações durante a gestação, como hipertensão, diabetes gestacional e problemas na placenta, além de estar mais associado a síndromes fetais.
Doenças autoimunes e trombofilias: doenças autoimunes, ou que aumentem o risco de trombose, como lúpus, SAAF e artrite reumatoide, podem levar a risco de complicações na gravidez, incluindo aborto espontâneo, restrição de crescimento fetal, parto prematuro e pré-eclâmpsia.
Obesidade: a obesidade também é um fator de atenção, já que leva a uma maior probabilidade de desenvolver diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e problemas de parto, como maior risco de infecção em cicatriz, abdominal ou perineal.
Gestação múltipla: mulheres que engravidam de gêmeos, trigêmeos ou mais têm maior risco de parto prematuro, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e problemas na placenta e, por isso, pedem maiores cuidados na gestação, além de maior atenção após o parto pelo risco aumentado de sangramento uterino
É importante lembrar que a gestação de risco pode ocorrer por uma combinação de fatores. Por isso, o acompanhamento médico é fundamental para identificar e monitorar possíveis complicações ao longo da gestação.
Diabetes gestacional e pré-eclâmpsia
Diabetes gestacional e pré-eclâmpsia são duas condições que caracterizam a gestação de risco e o diagnóstico, num primeiro momento, pode assustar as gestantes. Vamos entender um pouco melhor cada uma delas.
A diabetes gestacional ocorre quando a gestante apresenta níveis elevados de açúcar no sangue durante a gravidez. Isso pode acontecer porque a placenta produz hormônios (hormônio lactogênio placentário) que aumentam a resistência periférica à insulina, o hormônio responsável por controlar a glicemia no corpo.
Caso não seja controlada adequadamente, a diabetes gestacional pode levar a complicações tanto para a mãe quanto para o bebê, como parto prematuro, aumento de líquido amniótico e macrossomia fetal (quando o bebê tem mais de 4kg). Além disso, quando mal controlada, está associada a maior risco fetal de hipoglicemia e icterícia neonatal e desconforto respiratório.
Já a hipertensão da gestação, conhecida como pré-eclâmpsia, é caracterizada pelo aumento da pressão arterial após a 20ª semana de gestação, mas mais frequente após 32 semanas associada a aumento de marcadores como a presença de proteína na urina e queda do PLGF (proteína produzida pela placenta).
A pré-eclâmpsia pode levar a complicações como descolamento prematuro da placenta, restrição de crescimento fetal e eclâmpsia (quando ocorrem convulsões).
É importante ressaltar que essa condição pode surgir mesmo em mulheres que não apresentavam hipertensão antes da gravidez, por isso é fundamental fazer o acompanhamento pré-natal e monitorar a pressão arterial.
Essas são duas condições que quando diagnosticadas precocemente podem ser controladas durante toda a gravidez, sem apresentar problemas graves para a mãe e o bebê, daí a importância de realizar o pré-natal adequadamente.
Sintomas
Os sintomas de uma gestação de alto risco podem variar, mas é importante ficar atenta a sinais como:
- Sangramento vaginal
- Perda de líquido amniótico
- Diminuição dos movimentos do bebê
- Pressão arterial elevada
- Inchaço excessivo
- Dor de cabeça persistente
Tratamentos para gestação de risco
Os tratamentos para gestação de risco podem variar de acordo com o tipo de risco apresentado pela gestante. Algumas opções incluem o uso de medicamentos para controlar a pressão arterial, suplementos vitamínicos para garantir a nutrição adequada da mãe e do bebê, monitoramento da movimentação fetal pela mãe, acompanhamento de crescimento fetal pelo ultrassom, exames de sangue de acordo com complicações e alterações da gestante e, em casos mais importantes, a antecipação do parto, seja ele normal ou cesariana.
Além disso, algumas recomendações, como manejar o estresse, controlar o ganho de peso e manter uma rotina de exercícios, devem ser levadas durante todos os meses de gestação.
Outras precauções importantes incluem vacinação adequada, ajustar atividade física para o perfil de cada gestante, prevenção de trombose em viagens longas com meia elástica, aumentar ingestão de água e rever rotina com o objetivo de reduzir estresse. A alimentação deve ser equilibrada, com ênfase em alimentos protéicos e ricos em ferro e cálcio, não sendo possível retirar carboidrato por ser a principal fonte de energia para mãe e bebê.
O acompanhamento por uma equipe multidisciplinar, com médicos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos, também pode ser importante para a gestante.
Gestação de risco e parto normal
Mulheres que enfrentam uma gestação de alto risco podem se perguntar se é possível ter um parto normal. Em muitos casos, é possível sim, mas é preciso uma avaliação cuidadosa da equipe médica para definir a melhor forma de conduzir o parto. Em alguns casos, a cesárea pode ser mais indicada para garantir a saúde da mãe e do bebê.
É importante lembrar que cada caso é único e que a melhor forma de garantir uma gestação tranquila e saudável é seguindo as recomendações médicas, realizando todos os exames e consultas necessárias e mantendo hábitos saudáveis.
Ter um pré-natal adequado pode auxiliar, através de um melhor controle de intercorrências, a permitir que a gestante seja protagonista de seu parto e possa optar pela via e como ele será feito.
Tenha o acompanhamento de especialistas
É fundamental que a gestante de alto risco esteja sob cuidado médico especializado e faça o pré-natal corretamente, com exames e consultas frequentes para monitorar a evolução da gestação e detectar precocemente possíveis complicações.
Com a ajuda de um médico experiente em gestação de alto risco, é possível passar por essa fase da vida com segurança e tranquilidade. Lembre-se sempre de manter um diálogo aberto e honesto com o seu médico, esclarecendo todas as suas dúvidas e preocupações.
Se você precisa de orientações neste momento, conte comigo! Eu sou obstetra especializada em alto risco e já ajudei diversas gestantes a passarem por essa fase com tranquilidade e segurança.